sexta-feira, 23 de abril de 2010

Senadores criticam restrições do ato olímpico

Senadores da base do governo e da oposição criticaram,

na terça-feira ( 20/4) , durante audiência pública

na Comissão de Educação, Cultura e Esporte,

proposta apresentada pelo comitê organizador dos

Jogos Olímpicos Rio 2016, que amplia os dispositivos

de proteção dos símbolos relacionados aos

Jogos Olímpicos e Paraolímpicos. A meta, de acordo

com o Comitê Olímpico Brasileiro ( COB) , é evitar o

uso comercial não autorizado e o chamado "marketing

de emboscada", informa a Agência Senado. Advogados

especialistas em propriedade intelectual

acreditam que o ato não deveria ir além da proteção

das marcas, coibindo outras empresas de tirarem

proveito econômico do evento.

Pela proposta, caberia ao comitê autorizar, até o encerramento

dos jogos de 2016, o uso de expressões

como "olimpíadas", "olímpico", "jogos", "medalhas

de ouro, prata, bronze" e o numeral "2016", entre outras

palavras. Até mesmo os termos "patrocinador" e

"Rio", cidade em que vão ocorrer os jogos, estariam

na lista. A proposta foi apresentada pelo presidente

do COB, Carlos Arthur Nuzmann, ao presidente do

Senado, José Sarney, que a encaminhou para exame

da Comissão de Educação.

Segundo o diretor de marketing do Comitê Olímpico

Brasileiro ( COB) , Leonardo Gryner, nada menos do

que75% dos recursos a serem gastos nas Olimpíadas

de 2016 no Rio, cerca de R$ 4, 1 bilhões, serão oriundos

da iniciativa privada. Por isso, o comitê não aceita

que empresas que não banquem o evento

aproveitem os símbolos para veicularem na mídia

propaganda de seus produtos. Com a proposta, o

COB pretende evitar a prática de "ambush marketing"

ou marketing de emboscada, em que empresas

não patrocinadoras oficiais do evento invadem o espaço

dos maiores investidores, a baixos investimentos.

Movimento do contra No debate, diversos senadores

se manifestaram contrariamente à proposta

do comitê. "A sugestão do COB é exagerada e demonstra

que a vontade dos patrocinadores está sobrepujando

os direitos consagrados pela

Constituição, além de ferir a propriedade do vocabulário",

afirmou o senador Alvaro Dias (

PSDB-PR) . Flávio Arns ( PSDB-PR) concordou e

lembrou que a Lei Pelé e o Ato Olímpico já são suficientes

para proteger os símbolos olímpicos.

A senadora Marisa Serrano ( PSDB-MS) informou

que vai endereçar a Sarney as notas taquigráficas da

reunião, demonstrando que os senadores da Comissão

são contrários à proposta do COB e favoráveis

à manutenção da atual legislação, conforme

determina a Lei Pelé ( Lei 9. 615/98) e o Ato Olímpico

( Lei 12. 035/09) . Ela lembrou que até o termo

"olimpíadas da matemática" seria proibido, caso a

proposta do COB viesse a ser aprovada.

Emreportagem publicada pela revista ConsultorJurídico,

em fevereiro, advogados especialistas em

propriedade intelectual também criticaram o Ato

Olímpico. O especialista, André Giachetta, do escritório

Pinheiro Neto, que foi convidado a participar

da audiência pública no Senado, já havia adiantado

que o Comitê Olímpico Internacional e o Comitê

OIímpico Brasileiro pretendem com a edição do Ato

Olímpico alargar a proteção dos símbolos olímpicos.

"Isso significa dizer que localmente, no Brasil, pretende-

se dar uma amplitude de proteção que inexiste

em sua origem", explica. Segundo Giachetta, as regras

em grandes jogos devem reprimir com vigor o

uso não autorizado ou abusivo dos símbolos olímpicos.

"Mas não se deve admitir que os interesses

econômicos dos patrocinadores e da organização do

evento suplantem os direitos constitucionais de liberdade

de imprensa, de expressão e de criação, incluindo-

se os direitos autorais", defende.

Além dos excessos envolvendo campanhas publicitárias,

segundo Giachetta, pode haver até a necessidade

de pagar direitos de exibição dos jogos em

estabelecimentos comerciais, o queécomumdurante

a Copa do Mundo no Brasil, quando bares e restaurantes

sintonizam os jogos. "Ora, em tempos de

inclusão digital, acesso a informações com facilidade,

como podemos falar em pagamento para

exibição de jogos da Copa do Mundo, que é o maior

evento esportivo do mundo.




Muito bom!

Com certeza, uma coisa é proteger os símbolos oficiais e o uso das marcas registradas, fora isso, impedir o uso de expressões que genéricas como Copa, olimpíadas, futebol é realmente um absurdo. Seria como retroceder no tempo e permitir o registro das expressões comuns como “cupuaçu”, “cachaça”, “bola”, “vinho” o que é totalmente inaceitável. É o mesmo raciocínio para este caso, só que inverso, se pode-se proibir o uso das expressões significa que alguém tem direito de usá-las com exclusividade.

Por Sheila, da PAP.

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